Em suma, o conceito de "Tormento Eterno" se baseia no fato de que o ser humano, em seu estado não regenerado, é corrompido pelo pecado, e esse pecado é sempre uma ofensa direta contra o Altíssimo. Todo pecado é um pecado contra o Eterno, sendo assim, como o Altíssimo é um Ser eterno e infinito (Salmos 90:2), toda ofensa contra Ele se torna uma ofensa eterna. Como resultado, todo pecado exige uma punição eterna. O pecado ofende o caráter santo, perfeito e infinito do Eterno, e apesar de que em nossas mentes nosso pecado é limitado em tempo, em relação ao Eterno – que vai além de quaisquer restrições de tempo – o pecado que Ele tanto odeia não tem fim. Logo, o pecado permanece diante dEle continuamente e por este motivo, precisa ser punido continuamente e perpetuamente para satisfazer Sua justiça santa em um local de punição eterna o qual é chamado de "inferno".
A palavra da língua portuguesa inferno vem do latim infernus, que por sua vez deriva do grego hades, que tem origem no hebraico sheol, e são sinônimos de sepultura, sepulcro, jazigo, túmulo. Em outras palavras, o inferno é, literalmente, o buraco com sete palmos de profundidade onde é sepultado o corpo da pessoa morta, pura e simplesmente.
É o que a Bíblia ensina em Gênesis 3:19:
"No suor do seu rosto comerá pão, até que você volte ao solo, pois dele foi tirado. Porque você é pó e ao pó voltará."
Também em Salmos 146:3,4:
“Não confiem nos príncipes nem nos filhos dos homens, que não podem trazer salvação. Seu espírito sai, e eles voltam ao solo; nesse mesmo dia os seus pensamentos se acabam."
É por esta razão que o Salvador diz em João 5:28,29 que "haverá uma ressurreição de justos e injustos" que voltarão a viver em um só evento futuro.
INFERNO EGÍPCIO
Os egípcios antigos acreditavam num inferno de fogo. O The Book Am-Ṭuat (Livro Am-Ṭuat), de 1375 AEC, fala dos que “serão lançados de cabeça nas covas de fogo; e ... não escaparão dali e ... não conseguirão fugir das chamas”.
INFERNO GREGO
O filósofo grego Plutarco (c. 46-120 EC) escreveu sobre as pessoas no mundo subterrâneo: “Elas soltaram um grito de dor ao serem submetidas a tormentos terríveis e a castigos humilhantes e excruciantes.”
INFERNO NAS SEITAS DO JUDAÍSMO
O historiador Josefo (37-c. 100 EC) relatou que os essênios, uma seita judaica, acreditavam que “as almas são imortais e continuam para sempre”. Ele acrescentou: “Nisto estão de acordo com os gregos... Para as almas dos maus, eles reservam um covil escuro e tempestuoso, repleto de punições eternas.
INFERNO NO CATOLICISMO
No segundo século EC, o livro apócrifo Apocalypse of Peter (Apocalipse de Pedro) disse o seguinte sobre os ímpios: “Ezrael, o anjo da fúria, traz homens e mulheres com a metade do corpo em chamas e os lança num lugar de escuridão, o inferno dos homens; e um espírito de fúria os castiga.” No mesmo período, o escritor Teófilo de Antioquia citou a profetisa grega Sibila como predizendo as punições dos ímpios: “Fogo ardente virá sobre ti, e queimarás todo dia para sempre.” Essas palavras estão entre as que Teófilo disse ser “verdadeiras, e úteis, e justas, e benéficas a todos os homens”.
INFERNO NA IDADE MÉDIA
O fogo do inferno foi usado para justificar a violência na idade média.
Maria I, rainha da Inglaterra (1553-1558), conhecida como “Maria, a Sanguinária” por queimar quase 300 protestantes na estaca, supostamente disse: “Visto que, daqui para a frente, as almas dos hereges queimarão para sempre no inferno, não pode haver nada mais apropriado do que eu imitar a vingança Divina por queimá-las na Terra.”
O INFERNO DE DANTE
A Divina Comédia é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.
O poema fala sobre a expedição de Dante ao mundo impalpável do além-túmulo com o poeta Virgílio como guia e mentor. O primeiro local visitado é o Inferno. Segundo o poema, toda a região foi criada quando Lúcifer caiu do Céu. A cratera resultante de sua desgraça, compõe o mundo da danação eterna, estando a região dividida em um vestíbulo ou Ante-Inferno, nove círculos, três vales e quatro esferas.
Quando volta a si, Virgílio lhe conta que eles se encontram no círculo inicial do Inferno. Este local, chamado de Limbo, é ocupado por todas as almas que eram boas, mas que não foram batizadas. Os pensadores gregos e romanos e outras personalidades da Antiguidade estão ali, bem como as crianças que morreram muito jovens. Todos vivem no escuro e no silêncio.
De acordo com a descrição de Dante, o inferno consiste em nove círculos concêntricos que se afunilam conforme ficam mais profundos, até chegarem ao centro da Terra. Para qual deles você é enviado depende do pecado cometido, com círculos destinados aos glutões, hereges e fraudadores. Sobre o ponto central superior, na superfície terrestre, está Jerusalém.
O rio Aqueronte corre por todo o inferno, separando-o do mundo exterior. Fora do inferno, mas também sofrendo punição, estão as pessoas que nunca fizeram nada de bom nem de mal. Elas são penalizadas pela neutralidade, vagando por toda a eternidade sendo picadas por vespas e tendo o sangue bebido por larvas.
O inferno está cheio de criaturas dos mitos pagãos. Dante vê centauros, o minotauro e o cachorro de três cabeças, Cérbero. Michelangelo inclui Caronte, o barqueiro dos rios Estige e Aqueronte que leva as almas dos pecadores para o inferno. Milton vê a medusa e hidras nas profundezas.
Muito poucas dessas ideias provêm da Bíblia. O Livro Sagrado não faz referência ao inferno e às chamas – muitos dos detalhes de Dante foram inspirados pelos mitos gregos e romanos, e a vasta maioria das concepções mais recentes são fruto do imaginário medieval ocidental.
INFERNO NO CONCÍLIO DE LATRÃO
Artistas cristãos orientais nunca tiveram o mesmo nível de interesse pelo assunto, e mesmo no Ocidente isso foi algo tardio – a doutrina do tormento perpétuo foi introduzida em 1215, no Quarto Concílio de Latrão, apenas um século antes de Dante.
Portanto, podemos afirmar que o inferno de dante, uma ficção baseada em um ensino humano antibíblico criado para manter as pessoas sob controle dos clérigos temendo parar em um local de tormento eterno se desobedecerem às ordens deles, não tem nenhuma semelhança com o sheol, traduzido como "inferno", a sepultura comum da humanidade ensinada pelas Escrituras.
ANIQUILACIONISMO
O aniquilacionismo contrasta tanto com a crença no tormento eterno quanto com a crença de que todos serão salvos ( “universalismo” ). No entanto, também é possível manter um aniquilacionismo parcial, acreditando que os humanos não salvos serão destruídos pelo fogo, mas que os seres demoníacos sofrerão para sempre.
O aniquilacionismo está diretamente relacionado a ideia de que uma alma humana não é imortal a menos que lhe seja dada a vida eterna. O aniquilacionismo afirma que o Altíssimo destruirá os ímpios pelo fogo, deixando apenas os justos viverem na imortalidade.
A crença no aniquilacionismo apareceu ao longo da história cristã e foi defendida por vários Padres da Igreja, mas muitas vezes tem sido minoria. Ela ressurgiu na década de 1980, quando vários teólogos proeminentes, incluindo John Stott, argumentaram que poderia ser considerada uma interpretação legítima dos textos bíblicos por aqueles que dão autoridade suprema às escrituras.
No início do século 20, alguns teólogos da Universidade de Cambridge, incluindo Basil Atkinson, apoiaram a crença. Teólogos ingleses do século XX também defenderam doutrinas que favoreceram a aniquilação. Além disso, alguns escritores protestantes e anglicanos também propuseram doutrinas aniquilacionistas. A Comissão de Doutrina da Igreja da Inglaterra relatou em 1995 que o Inferno pode ser um estado de “não-ser total”, e não de tormento eterno.
Os aniquilacionistas baseiam sua crença em sua exegese das escrituras, em alguns escritos da igreja primitiva, na crítica histórica da doutrina do Inferno e no conceito de um Criador amoroso demais para atormentar suas criações para sempre. Eles afirmam que as concepções populares do Inferno derivam da especulação judaica durante o período intertestamentário, da crença em uma alma imortal que se originou na filosofia grega e influenciou os teólogos cristãos, e também a arte e a poesia gráficas e imaginativas medievais.
@devoltaaraiz isso de tormento eterno é uma tristeza, como podem dizer que para satisfazer a justiça do Criador tem que ser torturado eternamente, sendo que nem o Messias, o qual pagou pelo os pecados dos escolhidos, pagou de uma vez por todas, o Messias não tá sofrendo até hoje para "satisfazer" a justiça do Criador, pois a justiça do Criador já foi satisfeita, quando o Messias sofreu e morreu no lugar deles, se não fosse assim, seria necessário o Messias até hoje tá sofrendo a ira do Criador, já que seria "tormento eterno".
John Stott, autor de 40 livros, um dos maiores teólogos do sec. XX disse sobre o inferno:
"Bem, emocionalmente, acho o conceito intolerável e não entendo como as pessoas podem viver com ele sem cauterizar seus sentimentos ou quebrar sob a tensão. Mas nossas emoções são um guia flutuante e não confiável para a verdade e não devem ser exaltadas ao lugar de autoridade suprema em determiná-la. Como um evangélico comprometido, minha pergunta deve ser – e não é o que meu coração me diz, mas o que que a palavra de Deus diz? E para responder a esta pergunta, precisamos pesquisar o material bíblico novamente e abrir nossas mentes (não apenas nossos corações) para a possibilidade de que A Escritura aponta na direção da aniquilação, e que ‘tormento eterno consciente’ é uma tradição que deve ceder à autoridade suprema das Escrituras.
"Eu não dogmatizo sobre a posição a que vim. Eu a afirmo timidamente. Mas eu imploro por um diálogo franco entre os evangélicos com base nas Escrituras. Eu também acredito que a aniquilação final dos ímpios deve pelo menos ser aceita como uma alternativa legítima e biblicamente fundamentada para seu tormento eterno e consciente."
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