As forças de Israel fizeram novos ataques à Síria na madrugada desta segunda, 16 (no horário local). Um dos disparos explodiu a principal base naval da Rússia no país, localizada no Porto de Tartus, em área sob o controle da ditadura de Bashar al-Assad, derrubada há uma semana.
Desde que Assad foi expulso, Tel-Aviv tem alvejado o que chama de arsenal estratégico da Síria, que inclui depósitos de armas convencionais e químicas e lançadores de mísseis balísticos. O governo israelense teme que os radicais islâmicos que tomaram o poder em Damasco venham a usar essas armas contra o Estado judeu.
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❗️🇮🇱⚔️🇸🇾 – Israel has conducted airstrikes near Tartus in northwestern Syria, targeting munitions depots along the coast.
The strikes caused significant secondary explosions, indicating a large volume of stored armaments.
These attacks are part of Israel’s ongoing efforts to… pic.twitter.com/6wKIg9IJhz
— 🔥🗞The Informant (@theinformant_x) December 15, 2024
A explosão em Tartus ocorreu nas primeiras horas da madrugada desta segunda (domingo à noite no Brasil). O grau de devastação sugere o uso de bombas projetadas para destruir bunkers contra depósitos subterrâneos das forças sírias.
Sismógrafos registraram um tremor equivalente a um pequeno terremoto de 3 graus na Escala Richter, de acordo com o relato do Observatório Sírio dos Direitos Humanos. O relato da instituição caracteriza o ataque desta segunda-feira como o maior já feito por Israel a Tartus desde o início da guerra civil síria, em 2011.
Nas redes sociais, o enorme cogumelo de fumaça e a onda de choque geraram especulações sobre uma possível explosão nuclear, mas não foi esse o caso, embora Israel possua 90 bombas nucleares. Detalhes da explosão ainda são escassos, mas, segundo relatos iniciais de blogueiros militares russos, o ataque foi previamente comunicado por Tel Aviv a Moscou.
O papel da Rússia
Nos dias seguintes à queda de Assad, que fugiu para a Rússia, a Marinha de Vladimir Putin se afastou da costa síria e está em modo de espera desde então. Ainda não está confirmado se algum ativo ou pessoal russo foi atingido, dada a magnitude da explosão. As Forças de Defesa de Israel ainda não se pronunciaram sobre o ataque.
Tartus fica na província de Latakia, região de origem étnica do regime deposto, os alauitas. O local tem sido usado pela Rússia desde 1971, quando ainda era a União Soviética. Em 2017, um acordo garantiu o arrendamento da base por 49 anos.
Putin havia entrado na guerra civil síria dois anos antes, em 2015, para apoiar Assad, arranjo que se manteve até a semana retrasada. Com a intensificação do foco russo na Ucrânia e o enfraquecimento do Irã devido à guerra contra Israel e seus aliados no Oriente Médio, rebeldes apoiados pela Turquia avançaram em direção a Damasco.
O que deve acontecer na Síria
O futuro das bases russas na Síria é incerto. O Kremlin afirmou estar em contato com o grupo HTS, grupo rebelde dominante na Síria, e pretende manter os dois postos. De lá, a Rússia pode projetar poder no leste do Mediterrâneo e apoiar suas ações em países da África.
Depois da queda de Assad, as forças russas se concentraram na base de Hmeimim e abandonaram outras instalações no país. Vários aviões cargueiros chegaram ao local e há indícios de que sofisticados sistemas antiaéreos foram removidos, possivelmente para a Líbia, onde Putin apoia um dos lados da guerra civil.
No domingo, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou que um voo partiu de Hmeimim com diplomatas russos e de dois aliados de Moscou, Belarus e Coreia do Norte. Todavia, a Rússia declarou que, por enquanto, pretende continuar sua presença na Síria e segue em contato com os rebeldes.
O futuro do contexto sírio permanece incerto. A Turquia, ao mesmo tempo em que é o principal apoio dos radicais islâmicos, mantém boas relações com a Rússia. Esse contato sugere que o ataque a Tartus tenha sido combinado com os russos.
Além dos ataques, Israel também tem intensificado sua presença na região. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou no domingo que vai dobrar a ocupação da área desmilitarizada entre as Colinas de Golã, anexadas pela Síria em 1967, e a fronteira com o vizinho, como parte de sua estratégia para evitar infiltrações extremistas do novo governo sírio.
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